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sábado, 11 de janeiro de 2014

MT tem 6 empresas na "lista suja" do trabalho escravo Estado tem 65 empresas ou pessoas físicas com restrições de crédito



Com a fiscalização intensa, foi possível resgatar trabalhadores que estavam sendo explorados
DÉBORA SIQUEIRA
DA REDAÇÃO

Seis novas empresas de Mato Grosso foram incluídas na "lista suja" do Trabalho Escravo pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no dia 30 de dezembro.

São duas fazendas de pecuária, uma de extração de madeira, uma destilaria, uma carvoaria e uma empresa de geração de energia. Ao todo, há 65 fazendas e empresas do Estado na listagem.

De acordo com a lista, juntas essas seis empresas fizeram 148 "escravos modernos". Todos foram libertados por meio de ações de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Mato Grosso, entre 2009 e 2013.

Com o nome na lista, o empregador fica impedido de contratar com o poder público e tem crédito restringido por instituições bancárias, em especial, com os instituições financeiras controladas pelo Governo, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O chefe de fiscalização da SRTE/MT, Amarildo Borges, explicou que, para entrar na lista, as empresas ou pessoas físicas tiveram julgados os recursos administrativos e perderam, até mesmo, em última instância, em Brasília.

“Geralmente, entre o prazo da ação de flagrante da fiscalização até a entrada na lista suja se leva anos. Mas o processo é mais rápido caso a empresa não recorra”, disse.

Pecuária

Ao todo, a última atualização incluiu 110 empresas. Assim como em Mato Grosso, a maioria é pela atividade de pecuária. Deste total, 10 são de exploração de seres humanos em meio urbano.

Todos os anos, a situação do trabalho escravo no campo se repete: alojamento precário, falta de registro em carteira de trabalho, péssimas condições de higiene dentre outras violações contra o ser humano.

O pecuarista João Bertin Filho foi incluído na lista em dezembro. Conforme a agência de notícias Repórter Brasil, a ação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel Regional na Fazenda Alta Floresta (803 km ao Norte de Cuiabá) ocorreu entre 15 e 24 de agosto de 2012.

Sete pessoas foram flagradas em condições análogas a de escravos, na lida de 18 mil cabeças de gado e 35 mil hectares para extração de madeira, segundo informações da fiscalização.

De acordo com fotos, vídeos e depoimentos reunidos pela fiscalização, os "escravos" viveram por meses trabalhando na extração de madeira para expansão dos pastos isolados na mata, no interior da fazenda de Bertin, sem receberem salários, submetidos a condições degradantes e sem terem como deixar o local.

Em um acampamento improvisado, localizado a 15 km da sede da fazenda e a 114 km da cidade mais próxima, Nova Bandeirante (1.026 km ao Norte da Capital), os trabalhadores viveram em barracos de lona acampados dentro da mata, sem registro e sequer água potável.

De acordo com a fiscalização, o grupo comia comida estragada – na ocasião do flagrante, pedaços de carne podre foram encontrados pendurados em um varal improvisado – e não tinha sequer papel, utilizando folhas da mata para higiene pessoal.

Energia

A empresa Parecis Energia S/A também foi incluída após a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego encontrar 80 trabalhadores em alojamentos precários, bebendo água do rio em que usavam também para banho, além de serem proibidos de deixar o local.

Outras situações que configuraram trabalho escravo foram um caderno de dívidas no qual era anotado o nome dos trabalhadores e a alimentação oferecida era insuficiente para todos. Além disso, eles não tinham a carteira assinada.

Além destas empresas ainda foram incluídos na "lista suja" do MTE Jorcelino Tiago de Queiroz, Luiz Augusto Rebouças, Rogério Arioli da Silva e Destilaria Araguaia.
FOnte:http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=3&cid=184333