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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fiscais flagram 20 vítimas de trabalho escravo em usina de álcool em MT


MPT também descobriu que trabalhadores estavam com salários atrasados.
Empresa disse que vai liberar dinheiro para pagar os débitos.


O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Mato Grosso descobriu 20 pessoas que trabalhavam em condições de escravos em uma usina de álcool na cidade de Poconé, a 104 quilômetros deCuiabá. O grupo saiu do nordeste para trabalhar no estado, no entanto viviam com salário atrasado, em um alojamento e sem condições de higiene.
Segundo fiscais do MTE e procuradores do Ministério Público Federal (MPF), 106 trabalhadores estavam com os salários atrasados há mais de quatro meses. Os fiscais junto com policiais civis percorreram o canavial nesta semana e descobriram que os trabalhadores não tinham banheiro e se abrigavam em cabanas de palhas de cana.
Os trabalhadores que vieram de Alagoas alugaram quartos num povoado em frente à usina. No local, alguns chegavam a dormir no chão e não tinham água potável. “É um retrato do descaso. Sem as mínimas condições de higiene, sem ventilação e com mau cheiro”, disse o procurador Rafael Garcia Rodrigues.
Além dos trabalhadores em situação de escravidão, os ficais também encontraram outros homens com contrato sem registro na carteira profissional. “ A conclusão é que mais uma vez a empresa foi flagrada explorando mão de obra escrava, submetendo seus trabalhadores à situação degradante, submetendo [os trabalhadores] as mais básicas condições de sobrevivência e dignidade”, completou Garcia.
A alimentação do grupo era feita de forma improvisada. “Não é só a gente que precisa. E os filhos e a família da gente? Vai comer o quê?”, disse o cortador de cana Gelson dos Santos. O grupo trabalha na Alcopan, uma usina de álcool do município. Há seis anos a empresa já tinha sido notificada pela mesma irregularidade.
Outro lado
A empresa foi notificada para atualizar os pagamentos e indenizar os 20 trabalhadores considerados vítimas de mão de obra escrava. O advogado da Alcopan, Eduardo Barros, informou que a empresa está em recuperação judicial. Ele também disse que a empresa já concordou em liberar parte dos R$ 9 milhões, em juízo, para pagar os salários atrasados como garantiu que vai contestar a acusação de mão de obra escrava. 

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