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sábado, 20 de julho de 2013


PF liberta 28 pessoas de trabalho escravo no interior

Caso foi flagrado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Trabalho numa fazenda de café da cidade de Itirapuã; proprietário e capataz foram presos

Eduardo Gonçalves
Casa onde moravam os trabalhores de uma plantação de café em Itirapuã, São Paulo
Casa onde moravam os trabalhores da plantação de café em Itirapuã (Divulgação/Ministério Público do Trabalho)
Dois homens foram presos, nesta quinta-feira, acusados de manter 28 pessoas em regime de trabalho escravo numa fazenda da cidade de Itirapuã, interior de São Paulo. A ação foi resultado de uma operação da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho. O dono da propriedade, Ademir Andrade de Oliveira, e o seu capataz, Miguel Ferreira de Almeida, responsável pela arregimentação dos trabalhadores, foram detidos em flagrante.
Segundo a procuradora do MP, Regina Duarte da Silva, os empregados vinham de Julião, interior da Bahia. Eles eram aliciados com a promessa de que receberiam 100 reais por dia para trabalhar numa plantação de café. No entanto, desde que chegaram ao local, no dia 21 de junho, não haviam ganhado nenhuma renumeração – alguns deles estavam em dívida com o fazendeiro em relação à viagem da Bahia para São Paulo. Sem dinheiro, eles não tinham como voltar para a sua cidade.
A procuradora contou que encontrou os empregados em condições degradantes de sobrevivência. Os alojamentos eram antigos e não dispunham de vasos sanitários. “Para fazer as necessidades, eles tinham que ir para o meio da plantação”, disse Regina. Por falta de colchões, a maioria deles dormia em cima de papelões. E as janelas estavam com os vidros quebrados - segundo a procuradora, costuma fazer muito frio no local.
Nesta sexta-feira, os 28 trabalhadores foram libertados e transferidos para um hotel na cidade de Franca, também no interior paulista. Eles aguardam os trâmites legais de rescisão de contrato e devem receber a quantia referente aos dias de trabalho executados.
A denúncia chegou ao Ministério Público do Trabalho por meio de um informante, que não teve a identidade divulgada. Ele teria relatado o caso ao Sindicato dos Empregados Rurais de Patrocínio Paulista, que, por sua vez, repassou ao MP. Os presos devem ser indiciados pelo crime de redução a condição análoga à de escravidão, que tem pena de dois a oito anos de reclusão.