Filiado ao PDT, novo titular do SRTE assume o cargo após denúncias de corrupção no órgãoFlávio Zacher tomou posse nesta terça-feira como novo titular da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), função que exercerá paralelamente à de assessor especial do Ministro do Trabalho Manoel Dias. Zacher trabalha no ministério desde 2007.
Ele assume após a saída de Marco Antonio Ballejo Canto, que ficou menos de um mês ocupando o cargo interinamente. Com isso, a pasta continua com o PDT. Ballejo, por sua vez, havia assumido após o afastamento do titular Heron Oliveira, devido a suposta participação em esquema de corrupção que envolveria facilitação para o fim de embargos em obras. O esquema é investigado pela Polícia Federal sob o nome de Operação W.
– Minha missão é botar a SRTE em ordem e fazê-la funcionar. O problema que aconteceu com o Heron é um assunto que já está na esfera judicial, queremos oferecer para os órgãos competentes e para a sociedade as informações requisitadas – diz Zacher.
O novo superintendente conta que pleiteou com Heron Oliveira o cargo na SRTE em junho. Com a saída dele após o estouro do escândalo, o nome de Zacher foi indicado pelo ministro do Trabalho, em conjunto com o PDT.
– Esse cargo havia sido indicado pelo conjunto do nosso partido. Eu havia disputado o cargo com o Heron anteriormente. Agora, o ministro me convidou para assumir essa função, para dar uma repaginada. Mas sem juízo de valor – conta.
Sobre os esquemas de facilitação para embargos em obra, Zacher, que disputou sem sucesso em 2010 o cargo de deputado federal pelo PDT, diz que foi "informado dos problemas" e que eles "serão sanados".
– Todos nós fomos pegos de surpresa. Tão logo a operação começou, tornou-se público. Mas, como não é da minha área de atuação, não fui pesquisar. Agora, fui informado dos problemas, e vamos saná-los – afirma.
Como funcionava o esquema
Um auditor-fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), órgão do Ministério do Trabalho, embargaria obras de grandes construtoras em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
Uma empresa de segurança do trabalho seria avisada da interdição por servidores e ofereceria solução para liberar a obra. Em alguns casos, engenheiros receberiam comissão para indicar a empresa.
A consultoria pagaria cerca de 5% do valor do contrato a servidores da SRTE para acelerar a liberação da obra. O auditor também receberia propina.
Servidores da SRTE acelerariam a liberação da obra e dariam "salvo conduto" à construção, prometendo que não voltaria a ser interditada pelos fiscais do trabalho.
Um auditor que não participava do esquema estaria se preparando para embargar uma construção protegida pelo suposto esquema. Para evitar isso, teria sido encomendado um atentado contra o fiscal. A PF tornou pública a investigação para evitar a ação.