Fiscalização do MTE e MPT também encontrou situações de excesso
de jornada de trabalho e falta de equipamentos de segurança. Distrito de Barão Geraldo vai abrigar centro de processamento de dados do banco.
31/01/2012 - 19:11
Atualizada às 11h53 de quarta-feira (1º/02)
Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditaram uma grua e o setor de solda elétrica e encontraram outras várias irregularidades no canteiro de obras do centro de processamento de dados do banco Santander, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, nesta terça-feira (31). No local, 700 pessoas trabalham na construção uma unidade administrativa e outra de pesquisas para desenvolvimento de software financeiro e equipamentos que atendam à demanda do banco. Entre os principais problemas apontados pelos fiscais do MTE, além de representantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas e Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), foram a falta de condições de segurança e de higiene para os trabalhadores, além de excesso de horas na jornada de trabalho.
De acordo com o fiscal do MTE João Batista Amâncio, em novembro do ano passado foi feita uma fiscalização na obra que encontrou 46 irregularidades. Na época, trabalhavam no local 400 operários. Depois de inúmeras denúncias nos últimos meses, os órgãos decidiram visitar novamente o canteiro de obras, mas a situação encontrada foi semelhante à do ano passado. "Praticamente nada mudou e várias coisas pioraram", disse o fiscal.
A reportagem do EPCampinas não foi autorizada a entrar no canteiro de obras, mas representantes do MTE e MPT relataram que encontraram refeitório sem estrutura e condições de higiene adequadas para abrigar 700 funcionários. "Alguns deles comiam em frente ao banheiro, ou em um espaço com poças d'água", contou João Batista Amancio. Uma grua que não tinha escada com a altura suficiente para que os trabalhadores chegasse até o topo e o setor de solda elétrica que estava próximo a tubos de oxigênio e acetileno, que representam risco de explosão, foram interditados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O local de armazenamento de compactadores também foi interditado porque os equipamentos estavam guardados de forma irregular, ao lado de galões da gasolina e diesel.
Entre os outros problemas encontrados pela fiscalização estão falta de proteção contra queda em valas escavadas para a construção, ausência de médicos no ambulatório aos sábados e domingos, quando existe expediente na obra, tábuas com pregos aparentes e funcionários sem uniformes e equipamentos para suporte de ferramentas.
Segundo o MTE, a Acciona Infraestructuras foi contratada pelo Santander para construir o centro de processamento de dados do banco. Para prestar o serviço, a construtora contratou outras empresas terceirizadas, que também possuem funcionários em situação irregular.
O relatório com a relação das infrações encontradas na obra e as multas que serão cobradas ainda não foi concluído pelo Ministério do Trabalho e Emprego porque a fiscalização deve continuar até o fim desta semana.
Representantes do Departamento Jurídico da Acciona, que estavam no local e conversaram com a reportagem, disseram que ainda não foram notificados de irregularidades e que por isso não tem motivos para se manifestar. Em nota enviada nesta quarta-feira (1º), a assessoria de imprensa do Santander informou que aguarda a conclusão da fiscalização e que está em contato com a construtora responsável pela obra para tomar eventuais medidas necessárias.
Alojamento irregular
Em dezembro do ano passado, o MTE também encontrou diversas irregularidades em um alojamento de operários de trabalhavam na construção do centro de processamento de dados por apresentar péssimas condições de moradia aos trabalhadores. A casa fica no bairro Guará, no distrito de Barão Geraldo. Um pedreiro, por exemplo, chegou a dormir três dias dentro de um armário para se proteger do frio e porque não tinha colchão para se deitar (foto ao lado).
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas, fiscais do Ministério do Trabalho estiveram na casa, que fica na Rua José Pugliese, onde cerca de 20 pessoas moravam. Foi constatado que alguns trabalhadores dormiam na varanda da residência por não haver espaço para todos dentro da residência. Os fiscais também constararam que no local havia apenas um banheiro, e que os funcionários usavam uma mangueira do lado de fora para tomar banho. O Ministério encontrou ainda uma infestação de carrapatos no fundo do quintal da residência e nos cômodos da casa.
De acordo com o fiscal do MTE João Batista Amâncio, a empresa responsável pela contratação dos trabalhadores rescindiu o contrato com o Santander em janeiro.
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