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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MTE interdita andaimes em obra em Barão Geraldo


Por Henrique Beirangê, Correio Popular     
“Até agora só não morreu ninguém lá porque Deus não piscou”. A afirmação é de um dos auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que participou da fiscalização das condições de trabalho na planta de construção do centro de processamento de dados do banco Santander, no distrito de Barão Geraldo. O fiscal João Batista Amâncio conta que foram encontrados irregularidades que vão desde deficiência nos equipamentos de segurança, até excesso de jornada de trabalho, que em alguns casos, chegavam a 17 horas por dia.
Os fiscais decidiram interditar parte dos andaimes da obra devido a falta de cintos de segurança para os operários, problemas no assoalho dos andaimes e ausência de corrimão. No local, também foi identificado que pilhadeiras movidas a gás estariam sendo operadas em locais fechados, colocando em risco a saúde dos operários. Até mesmo cilindros de oxigênio perto de soldas em operação também foram vistos.
Problemas de condições sanitárias também foram alvo da fiscalização do MTE. De acordo com um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas, Paulo Martins, são cerca de 600 trabalhadores na planta, mas o refeitório só tem capacidade para 400 pessoas. “Encontramos pessoas comendo perto dos chuveiros e almoçando nos vestiários. Não tem cozinha adequada e, nos alojamentos, não tem armários. Vimos chuveiros quebrados, pessoas tendo que tomar banho com água direto do cano”, disse.
Outra reclamação dos operários é quanto ao atraso no pagamento dos salários. De acordo com os fiscais, os funcionários se queixam que os pagamentos não tem sido feitos em dia e haveria problemas quanto ao recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho informou que vai aguardar a entrega do auto de infração pelos fiscais do MTE e estudar quais medidas serão tomadas.
As irregularidades encontradas na planta do banco já haviam sido identificadas pelo MTE desde o final do ano passado e, mesmo após as notificações, os mesmos problemas voltaram a ser encontrados. “Temos aqui as condições prontas para acontecer uma tragédia. O Santander está contratando diversas empresas para realizar esta obra e o banco precisa tomar alguma providência para resolver esta situação. Da última vez encontramos 46 irregularidades e dessa vez parece que o número vai ser maior”, afirmou o fiscal João Batista.
O anúncio da construção da planta foi feita no final de 2010 e contou inclusive com a presença do presidente mundial do Grupo Santander, Emilio Botín. O investimento será de R$ 750 milhões, sendo R$ 450 milhões para a parte tecnológica e R$ 300 milhões no centro administrativo. O centro que será instalado em Campinas vai reunir a unidade operacional das Américas do Norte, Sul e Central, desde processamento de dados até centro de pesquisa e área técnica e será um dos cinco centros que o Grupo Santander tem no mundo.
A assessoria de imprensa do grupo Santander informou que aguarda a conclusão da fiscalização e que está em contato com a construtora responsável pela obra para “tomar eventuais medidas necessárias”.

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