Norte do Estado16/08/2013 | 14h08Atualizada em 16/08/2013 | 18h52
No local, os próprios motoristas faziam o carregamento e descarregamento dos produtos, sem treinamento ou equipamento de segurança
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) interditou, na última quarta-feira, o terminal de distribuição de combustíveis da Ipiranga Produtos de Petróleo S.A., em Passo Fundo, no norte do Estado, por considerar risco grave e iminente a saúde dos motoristas, que eram os responsáveis por carregar e descarregar os combustíveis dos caminhões.
No local, também funcionam unidades da Petrobras e a Raízen, onde são realizadas pelo menos 250 operações de carregamentos ou descarregamento por dia. O terminal fornece combustível para 137 municípios do Estado e outras 66 cidade de Santa Catarina.
Mesmo com a intervenção do MTE, o risco de desabastecimento é pequeno. Segundo a Ipiranga, para que os postos não fiquem sem combustíveis, a demanda está sendo suprida com produtos de outras unidades da empresa.
O mesmo cenário é projetado por Raul Stabel, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cargas Líquidas do RS (Sindilíquida).
— O volume de carga pode diminuir, mas existem outros terminais e bases para abastecimento, como em Canos, Cruz Alta, Ijuí e Santa Maria — salienta.
Segundo MTE trabalhadores estavam expostos a substâncias cancerígenas
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, os motoristas operavam sem treinamento e materiais de segurança, além de o local não possuir sistemas que minimizem o lançamento de substâncias tóxicas na atmosfera.
— Eles estavam expostos a vários agentes químicos tóxicos, em especial o benzeno, que está presente na gasolina e é cancerígeno — salienta o auditor do MTE, Marcelo Naegele.
Segundo Luiz Alfredo Scienza, auditor fiscal do trabalho na área de Saúde e Segurança do MTE, a exposição a substâncias como o benzeno, ao longo dos anos, causa uma alteração na estrutura sanguínea.
— Isso está associado a alguns tipos de câncer, como a leucemia. Além disso, a toxidade de substâncias presentes nos combustíveis pode causar náuseas, tonturas e sonolências. Para quem dirige, isso é preocupante — complementa.
Em nota, a Ipiranga afirma que a prática é segura e utilizada por toda a indústria. A empresa nega que os trabalhadores não tenham capacitação para realizar as operações com combustíveis.
Além disso, a empresa está tentando reverter a decisão na justiça. “A Ipiranga vem tomando as providências legais cabíveis, visando à reabertura desta unidade, uma vez que todas as bases sempre operaram cumprindo as normais legais vigentes, em especial com relação à segurança dos profissionais, da sociedade em geral e de suas instalações”, diz o texto.