Pesquisar neste blog

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Mais uma vitória da Fiscalização do Trabalho


MTE resgata 17 trabalhadores no Maranhão

Na ação auditores fiscais encontraram diversas irregularidades, como a falta de instalações sanitárias, alojamento adequado, local para refeições e água potável.
Brasília, 29/10/2012 – O Grupo Especial de Fiscalização Móvel resgatou 17 trabalhadores de situação análoga à de escravo, em ação realizada entre os dias 16 a 26 de outubro, na Fazenda Santo Antônio, Povoado Arapari, zona rural do município de Santa Luzia (MA). Os trabalhadores desenvolviam suas atividades na criação de bovinos para corte e criação de caprinos.
Durante a ação, os auditores fiscais do trabalhado encontraram diversas irregularidades praticadas pelo empregador, dentre elas a não disponibilização de instalações sanitárias, de alojamento adequado, locais para preparo de alimentos e refeições, água potável para consumo. Os trabalhadores também não utilizavam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) obrigatórios.
Além das irregularidades anteriores, o pagamento do salário era efetuado fora do prazo legal e muito abaixo do salário mínimo. O empregador pagava R$18,00 por dia, deduzindo os gastos efetuados na cantina local. Assim, a remuneração média dos trabalhadores não passava de R$200,00 mensais, o que contraria a legislação trabalhista em vigor que obriga o pagamento de pelo menos 1 salario mínimo ao trabalhador.
Ao término da ação, foram lavrados 29 autos de infração, emitidas guias de seguro-desemprego para todos os trabalhadores e calculado o valor da rescisão que totalizou em RS 388.880,23. Em razão da negativa do pagamento da rescisão por parte do empregador, o Ministério do Trabalho e Emprego encaminhou relatório da operação ao Ministério Público do Trabalho para que as medidas judiciais sejam tomadas. Os trabalhadores foram resgatados e encaminhados às suas cidades de origem.
Assessoria de Comunicação Social - MTE
(61) 2031-6537/2430

Novo Termo será obrigatório nesta quinta, dia 1º



Sem o documento, trabalhador demitido não conseguirá receber o Seguro-Desemprego nem sacar o saldo do FGTS
 Brasília, 31/10/2012 - O uso do novo Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) será obrigatório nesta quinta-feira,  1º de novembro. Os sindicatos de trabalhadores precisam ficar atentos em relação ao calendário, já que, a partir desta data, a Caixa Econômica Federal não mais aceitará o documento antigo para liberar o pagamento do Seguro-Desemprego e o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 
A mudança no formulário foi pensada pelos técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com o objetivo de imprimir mais clareza quanto aos valores rescisórios devidos ao trabalhador e pagos pelo empregador após a finalização da relação empregatícia. 
No novo documento, ao contrário do anterior, há campos para o empregador lançar cada valor discriminadamente. A alteração dará mais segurança ao empregador, que se resguardará de eventuais questionamentos na Justiça do Trabalho, e ao trabalhador, que saberá exatamente o que vai receber. A mudança também facilitará o trabalho de conferência feito pelo agente homologador do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho. 
Impresso em duas vias, uma para o empregador e outra para o empregado, o novo TRCT vem acompanhado ainda do Termo de Homologação (TH), a ser utilizado nos contratos com mais de um ano de duração que necessitam de assistência do sindicato laboral ou do MTE, e do Termo de Quitação (TQ), para os contratos com menos de um ano de duração e que não exigem acompanhamento do sindicato ou do ministério.
Os termos de Homologação e o de Quitação são impressos em quatro vias, uma para o empregador e três para o empregado, sendo que duas delas são utilizadas pelo trabalhador para sacar o FGTS e solicitar o recebimento do Seguro-Desemprego.
Balanço – Criado em outubro do ano passado, o novo Termo já é utilizado em 41% dos contratos de trabalho rescindidos (sujeitos ou não à assistência à homologação). O dado leva em conta as solicitações de saque do FGTS realizadas pela Caixa Econômica Federal. 

Assessoria de Comunicação Social MTE
(061) 2031-6537

Vai fazer Concurso Público? Lembre-se do Porquê!

Estudar para concursos públicos requer persistência. Estar sempre consciente dos motivos que levam você ao concurso é praticar para vencer.



Nunca Desista! Ninguém pode passar no concurso por você, como ninguém pode beber água em seu lugar.” – Aracy Santa Clara
Muitas vezes, em meio a nossa preparação para o concurso público pensamos em “jogar tudo para o alto”. Se por cansaço, falta de estímulo, problemas familiares, estresse ou por outras situações, não desista! Este momento vai passar. Para que você mantenha sempre o vigor paraestudar para concurso público, o AtéPassar traz alguns fatos para ter em mente na hora de superar estes momentos:
1. Não existe magia. Se você deseja passar no concurso público tem que investir seu tempo e sua dedicação a estudar. Mas, este estudo não precisa ser um calvário de sofrimentos. Não vá para suasessão de estudo para concurso como quem vai subir a rampa do patíbulo para ser decapitado. Cultive o sentimento de prazer associado ao estudo, tendo em mente e reforçando sua certeza do porquê deseja ser aprovado.
2. Antes de começar a estudar para concurso público afaste o sentimento de estar “perdendo algo” como, por exemplo: “Tenho que estudar enquanto meus amigos estão de férias, ou na balada, ou naquela feira de informática”. O raciocínio deverá ser diferente: “Eu gostaria de estar com meus amigos, mas, prefiro estudar, pois vou passar neste concurso, então poderei estar com eles em todos os finais de semana e ainda terei meu cargo público em pouco tempo”.
3. Tudo é uma questão de saber o que se quer e o quanto se está disposto à investir de si mesmo para conseguir. Se a estabilidade de um cargo público é do que você precisa para fazer planos para sua vida no presente, ou no futuro, então, o caminho é ir de encontro à sua meta que épassar no concurso público.
4. Se você tem o sonho de viajar, conhecer outros países e outras culturas, poderá abrir mão de pequenos passeios agora para dedicar-se à sua preparação para o concurso público dos seus sonhos sabendo que quando estiver efetivado vai poder fazer grandes viagens com maior frequência.
5. Sua família depende de você? Então, se ausentar um pouco neste momento para poder se dedicar aos estudos para o concurso público e depois oferecer a eles tranquilidade, podendo proporcionar inclusive maior conforto, educação, e lazer a todos, quando nomeado não vale à pena?
6. Talvez seu objetivo seja exatamente o contrário:  passar no concurso público para viver por sua conta, conquistar autonomia financeira para gerir sua própria vida. Esta é sua chance. É por você mesmo que você está abrindo mão daqueles dias com a turma para estudar para seu concurso.
7.Você não tem que estar se justificando para ninguém. Você quer e vai estudar até passar no concurso público. Faça como as madres superioras dos conventos, ou os monges tibetanos que quando vão fazer suas orações, isolam-se do mundo exterior e se dedicam à tarefa que se propõem a realizar. Quando você for estudar, avise: “vou estudar”. Isto significa não atender ao telefone, à porta, às visitas, à família. Os seus verdadeiros amigos, saberão entender sua necessidade deste momento de dedicação ao estudo para concurso.
8. Estudar para concurso público com a cabeça cheia de preocupações, não resolverá seus problemas nem fará com que você absorva melhor a matéria estudada. Antes de começar a sessão de estudo resolva o que forpossível naquele momento. O que não puder ser resolvido ou que não vai depender diretamente de você, guarde para depois. Prometa-se, e cumpra, reservar uma hora para se preocupar. É difícil? Claro que é! Mas, é um auto treinamento que você precisa fazer se quiser render mais nos seus estudos para concurso.
De tudo, o mais importante é ter claro em sua mente: Você quer fazer concurso público! Você vai se dedicar à sua preparação! Você vai fazer tudo ao seu alcance para passar, pois isso é importante para você e para sua vida!

A palavra chave é motivação!!!

A nossa companheira Jaqueline enviou um vídeo motivacional muito bom, vale a pena!



Obrigado Jaqueline pela contribuição.
Rumo AFT
A NECESSIDADE DE AUDITORES-FISCAIS DO TRABALHO NO BRASIL: UMA ANÁLISE CONTEMPLANDO O GRAU DE
DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO
TRABALHISTA

RELATÓRIO FINAL
ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA IPEA/SINAIT Nº 25/2010

Leia na íntegra:
http://www.4shared.com/office/YoBTLq4G/Rel_final_IPEA.html?

Auditor-Fiscal do Trabalho expõe fotos sobre trabalho infantil no TST

Publicada em: 12/10/2012

imagem
Uma exposição com fotos do Auditor-Fiscal do Trabalho Sérgio Carvalho retratando cenas de trabalho infantil flagradas por ele foi montada no hall de entrada do auditório do Tribunal Superior do Trabalho – TST. A exposição “Às vezes criança – Um quase retrato de uma infância roubada” é vista por todos os que participam do Seminário “Trabalho Infantil, Aprendizagem e Justiça do Trabalho” realizado pelo TST e pelo Conselho Superior de Justiça do Trabalho – CNJT esta semana. 
As fotos de Sérgio Carvalho estão reunidas no livro “Às vezes criança”, que tem textos do também Auditor-Fiscal do Trabalho Rubervam Du Nascimento e apoio do Sinait. As imagens retratam crianças e adolescentes explorados em diversas atividades como o corte da cana, comércio, feiras livres, pedreiras, criação de gado e lixões. O livro será lançado no 30º Encontro Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho - Enafit, no dia 20 de novembro, no "Momento Cultural".
A exposição no Tribunal impressiona pelas imagens propriamente ditas, todas em preto e branco, e pelo formato em que foi montada, nas paredes adesivadas com grandes películas. O presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, chamou a atenção dos participantes do Seminário para as imagens e seu significado, destacando que foram colhidas por Sérgio Carvalho, um Auditor-Fiscal do Trabalho que tem um olhar sensível à questão do trabalho infantil

Trabalho escravo no Minha Casa, Minha Vida: PPS cobra de ministro explicação sobre pressão contra fiscais

O ministro do Trabalho, Brizola Neto, terá que explicar à Câmara dos Deputados a denúncia de que existe pressão dentro de sua pasta para reverter penalidades aplicadas a empresas flagradas promovendo trabalho escravo em obras do programa Minha Casa, Minha Vida. Em requerimento de informação protocolado nesta quarta-feira (RIC 2536/2012), o líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno (PR), também cobra do pedetista quais medidas estão sendo tomadas para reforçar a fiscalização e coibir a prática de trabalho escravo nos empreendimetos do governo federal.

Reportagem da revista Veja desta semana mostra que em março do ano passado, na cidade paulista de Americana, fiscais do Ministério resgataram 64 trabalhadores mantidos em condições “análogas à escravidão”. Eles trabalhavam no canteiro de obras da empreiteira MRV, responsável pela construção de residências do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Na matéria, a revista relata que, após ser incluída na “lista suja” do trabalho escravo, a empreiteira pressionou o ministério a rever a punição. O caso levou a secretária de Inspeção do Trabalho, Vera Lúcia Albuquerque, a pedir demissão.

“Este episódio apresenta-se duplamente constrangedor, justamente pelo fato de estar ocorrendo em obras do maior programa habitacional do governo federal, que cabe combater, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, todas as práticas de irregularidades trabalhistas e dar proteção e segurança aos trabalhadores. Resta a este parlamento a tarefa de buscar esclarecimentos sobre a relação entre a pasta e empresas privadas”, ressalta o líder do PPS no requerimento.

Notícia originalmente publicada no portal PPS




Fonte: Repórter Brasil




Auditores fiscais do Trabalho fazem abaixo-assinado online contra nomeações políticas


Os auditores fiscais
do Trabalho em
Petrolina estão participando
de uma espécie de
abaixo-assinado online
que será encaminhado à
presidente Dilma Rousseff (PT)
nos próximos dias.
A categoria é contra a
nomeação de pessoas
fora do quadro de auditores
para o cargo de direção da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).
De acordo com e-mail enviado ao Blog por representantes da categoria
em Petrolina, as nomeações têm cunho político e seriam uma “afronta” às
normas estabelecidas na convenção nº 81 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Para demonstrar a insatisfação, os auditores convocam a
população para assinar eletronicamente (pelo http://www.avaaz.org/po/petition/A_Secretaria_de_Inspecao_do_Trabalho_deve_ser
_chefiada_por_um_servidor_de_carreira_AuditorFiscal_do_Trabalho/?launch) a
carta que será enviada à presidente da República.
Confiram alguns trechos da carta:
A Auditoria Fiscal do Trabalho está sendo ameaçada. Contrariando 
a Convenção 81 da Organização Internacional do Trabalho,
 a qual tem valor de lei federal em nosso País, a atual 
administração do Ministério do Trabalho e Emprego tem 
interferido na inspeção do trabalho, o que culminou, no dia 11 de outubro, 
com o pedido de exoneração da Secretária de Inspeção do Trabalho, 
auditora fiscal Vera Albuquerque, motivada inclusive pela nomeação 
de Chefe de Fiscalização no Rio de Janeiro sem a concordância da Chefe da SIT.
Os auditores fiscais do Trabalho vêm alertar para o risco que representa 
para a sociedade brasileira a interferência político-partidária na Auditoria Fiscal 
do Trabalho, ameaçada pelo risco iminente de nomeação, para o cargo de 
Secretário de Inspeção do Trabalho, de pessoa não pertencente aos quadros 
da Auditoria Fiscal. Corre-se o risco de o País retroceder, na proteção ao
 trabalho, à situação reinante nos tempos do regime autoritário, quando a 
fiscalização do trabalho não gozava de qualquer autonomia e a dignidade
 do trabalho estava subordinada ao crescimento a qualquer preço.
A Auditoria Fiscal do Trabalho é responsável pelas ações de combate
 ao trabalho escravo. É o órgão que fiscaliza o cumprimento, pelas
empresas, das cotas direcionadas a jovens e pessoas com deficiência.
São também os auditores que implementam as ações para a eliminação de
riscos à vida e à saúde nos ambientes de trabalho.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

É preciso suor, trabalho duro, e muita força de vontade

É preciso trabalhar duro, não desistir dos sonhos, correr atrás deles, no fim eles se renderão a sua força.
Estaremos juntos no curso de formação.
Adiante, vamos em frente.
Rumo AFT

MTE: PREVISÃO DA AUTORIZAÇÃO PARA NOVEMBRO

A autorização para o próximo concurso do Ministério do Trabalho e Emprego, para o cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, poderá sair em novembro, segundo informou Rosângela Rassy, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho.

O órgão solicitou o preenchimento de 629 vagas, estando o pedido sob análise do Departamento de Planejamento das Estruturas e da Força de Trabalho do Ministério do Planejamento.

O cargo exige o nível superior em qualquer área de formação e proporciona vencimentos iniciais de R$ 13.904 (304,00 de auxílio-alimentação).

O último concurso foi realizado em 2010, sob a responsabilidade da Esaf e constou de 150 questões.

Área de Apoio terá concurso em 2013

Um grande número de vagas deverá ser oferecido para a área de apoio: 1.855 vagas. Desse número, 1600 será para Agente Administrativo que requer apenas o nível médio.As 258 vagas restantes serão distribuídas em cargos que exigirão nível superior: 64 para Técnicos em Assuntos Educacionais, 60 para Administradores, 60 para Assistentes Sociais, 60 para Contadores, sete para Técnicos em Comunicação Social, três para Bibliotecários, três de Economistas e uma para Sociólogo.

Para os cargos de nível médio, os rendimentos são de R$ 2.460,42 – R$ 1.568,42 de salário-base, R$ 588 de Gratificação de Desempenho de Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho e R$ 304,00 de auxílio-alimentação. Os de ensino superior terão remuneração de R$ 3.529,42 – R$ 1.990,22 de salário-base, R$ 1.235,20 de Gratificação e R$ 304,00 de auxílio-alimentação.
Fonte:http://www.centraldeconcursos.com.br/noticias/noticias.asp?id_noticia=3063

Adicional de Transferência do Empregadoa



Art. 469 (CLT): Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que exerçam cargos
 de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas,nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco porcento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.
As despesas da transferencia correrão por conta do empregador (art. 470 da CLT).


Transferência - Possibilidade

A transferência é possível, não só de um estabelecimento para outro da mesma empresa, ou seja, para filial, agência ou sucursal, como também entre empresas do mesmo grupo econômico, pois o § 2º do artigo 2º da CLT, estabelece que sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Por outro lado, não se tratando de estabelecimento da mesma empresa ou não pertencendo as empresas envolvidas a um mesmo grupo econômico, a transferência não pode ser realizada, motivo pelo qual deverão ser rescindidos os contratos de trabalho dos respectivos empregados, que serão admitidos pelas novas empresas que os recrutarem.
CTPS - Procedimentos

Sendo legalmente possível a transferência, o empregador deverá anotar na CTPS dos empregados, na parte de “anotações gerais”, a data e o local para onde foi transferido, bem como o nº de registro que recebeu e, ainda, a garantia de todos os direitos trabalhistas adquiridos, efetuando a mesma anotação no livro ou ficha de registro do empregado no campo “observações”.
No novo local de trabalho, o empregador deverá providenciar a abertura de ficha ou folha de registro, transcrevendo os dados da ficha da empresa anterior, anotando na parte de “observações”, a empresa da qual procede o empregado, a data da transferência e o nº de registro que possuía, bem como, declaração de que assume o contrato de trabalho e garante os direitos adquiridos.

CAGED / GFIP

Informar a Saída e Entrada por Transferência em seus respectivos estabelecimentos no mês da ocorrência.

RAIS

Informar os salários recebidos em cada um dos estabelecimentos durante o ano base, com seus respectivos códigos e datas de Transferência.

Como uma pessoa livre se torna escrava

"Quando eu cheguei aqui, a coisa era muito diferente do que havia sido prometido."
 
 Trabalhador resgatado da escravidão em  fazenda de Eldorado dos Carajás, Pará
Nos últimos tempos, uma praga atingiu as fazendas de cacau onde Uexlei Pereira trabalhava no Sul da Bahia, deixando muita gente sem serviço. Aliciado por um "gato", saiu de sua cidade, Ibirapitanga, com a oferta de um bom salário, alimentação e condições dignas de alojamento. No Sul do Pará, Uexlei percebeu que havia sido enganado. Quando foi resgatado, recebia havia dois meses só a comida. Não tinha idéia de quanto devia ao gato, conhecido como Baiano, e nem quando iria receber. A sua história não é diferente da dos demais trabalhadores que fogem do desemprego para cair na rede da escravidão. Abaixo, estão detalhados oito passos que transformam um homem livre em um escravo, padrão que pode sofrer variações dependendo da situação e do local, mas que se repete com freqüência.
1) Ao ouvir rumores de que existe serviço farto em fazendas, mesmo em terras distantes, o trabalhador ruma para esses locais. O Tocantins e a região Nordeste, tendo à frente os Estados do Maranhão e Piauí, são grandes fornecedores de mão-de-obra.
2) Alguns vão espontaneamente. Outros são aliciados por "gatos" (contratadores de mão-de-obra a serviço do fazendeiro). Estes, muitas vezes, vêm buscá-los de ônibus, de caminhão - o velho pau-de-arara - ou, para fugir da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, pagam passagens para os trabalhadores em ônibus ou trens de linha.
3) O destino principal é a região de expansão agrícola, onde a floresta amazônica tomba diariamente para dar lugar a pastos e plantações. Os estados do Pará e Mato Grosso são os campeões em resgates de trabalhadores pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
4) Há os "peões do trecho" que deixaram sua terra um dia e, sem residência fixa, vão de trecho em trecho, de um canto a outro em busca de trabalho. Nos chamados "hotéis peoneiros", onde se hospedam à espera de serviço, são encontrados pelos gatos, que "compram" suas dívidas e os levam às fazendas. A partir daí, os peões tornam-se seus devedores e devem trabalhar para abater o saldo. Alguns seguem contrariados, por estarem sendo negociados. Mas há os que vão felizes, pois acreditam ter conseguido um emprego que possibilitará honrar seus compromissos e ganhar dinheiro.
5) Já na chegada, o peão vê que a realidade é bem diferente. A dívida que tem por conta do transporte aumentará em um ritmo crescente, uma vez que o material de trabalho pessoal, como botas, é comprado na cantina do próprio gato, do dono da fazenda ou de alguém indicado por eles. Os gastos com refeições, remédios, pilhas ou cigarros vão sendo anotados em um "caderninho", e o que é cobrado por um produto dificilmente será o seu preço real. Um par de chinelos pode custar o triplo. Além disso, é costume do gato não informar o montante, só anotar. Uma foice, que é um instrumento de trabalho e, portanto, deveria ser fornecido gratuitamente pelo empregador, já foi comprada por um peão por R$ 12,00 do gato. O equipamento mínimo de segurança também não costuma existir.
6) Após meses de serviço, o trabalhador não vê nada de dinheiro. Sob a promessa de que vai receber tudo no final, ele continua a derrubar a mata, aplicar veneno, erguer cercas, catar raízes e outras atividades agropecuárias, sempre em situações degradantes e insalubres. Cobra-se pelo uso de alojamentos sem condições de higiene.
7) No dia do pagamento, a dívida do trabalhador é maior do que o total que ele teria a receber. O acordo verbal com o gato também costuma ser quebrado, e o peão ganha um valor bem menor que o combinado inicialmente. Ao final, quem trabalhou meses sem receber nada acaba devedor do gato e do dono da fazenda e tem de continuar a suar para quitar a dívida. Ameaças psicológicas, força física e armas também podem ser usadas para mantê-lo no serviço.

Preparo de terreno para plantio de soja usava trabalho escravo

Em propriedade em Marianópolis (TO), 45 vítimas trabalhavam em condições degradantes no preparo de área destinada à cultura do grão
Por Guilherme Zocchio*
Em um latifúndio destinado à plantação de soja, 45 pessoas viviam em condições análogas à escravidão. Na Fazenda Santa Maria, a cerca de 55 km do núcleo urbano do município de Marianópolis (TO), elas eram submetidas a condições degradantes enquanto trabalhavam na preparação do terreno para que o fazendeiro Joari Bertoldi começasse a cultivar o grão.
As vítimas foram resgatadas em meados de setembro (12) por uma operação do grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo contemporâneo, composta por representantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Empregados catam pedras em terreno que seria destinado à plantação de soja (Fotos: MTE)
O grupo cumpria uma jornada exaustiva, que se iniciava todo dia às 6h da manhã e seguia até às 18h, com eventuais atividades empreendidas durante a noite —período superior ao permitido pela legislação brasileira. Os funcionários da fazenda também não dispunham de equipamentos de proteção individual (EPIs) nem de registro na carteira de trabalho. 
Entre os trabalhadores estavam três mulheres e um jovem com menos de 18 anos. A denúncia partiu de uma das mulheres, que procurou a representação local da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Tocantins (SRTE/TO) para relatar as condições a que os funcionários da fazenda eram submetidos. Segundo a fiscalização, alguns empregados estavam há mais de três meses na propriedade.
Trabalho escravo no agronegócio da soja
O empregador havia acabado de adquirir a fazenda, com extensão em torno de 3,5 mil hectares, para começar uma lavoura de soja. Anteriormente, a área era ocupada pela criação extensiva de bovinos.
Galão de combústivel onde ficava armazenada
a água que as vítimas consumiam
A soja é uma das principais commodities exportadas pelo Brasil, principalmente para países do hemisfério norte, como os Estados Unidos, China e Rússia. Em 2011, atingiu-se o volume de 33,8 milhões de toneladas do grão vendidos para o exterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Até o fim deste ano, a previsão da Abiove é que a exportação de soja chegue à casa dos 37,5 milhões de toneladas, número que tornaria o Brasil o maior exportador mundial do grão.
O setor ainda conta com largos investimentos do governo federal, que deve disponibilizar em torno de R$115,2 bilhões em empréstimos para este ramo do agronegócio, na safra 2012/2013, através do Plano Agrícola e Pecuário, do Ministério da Agricultura.
No tocante ao trabalho escravo, a cultura de soja é responsável por oito entradas na "lista suja", cadastro mantido pelo MTE com o nome de empregadores que utilizaram mão de obra análoga à de escravo. A última atualização foi em junho deste ano.
Condições de trabalho e alojamento
Segundo os servidores do MTE que participaram da fiscalização, a água que as vítimas eram obrigadas a beber vinha de uma represa próxima do local onde a maioria estava alojada. Quente e sujo, o líquido era normalmente armazenado em galões de combustível reaproveitados, sem as mínimas condições de higiene, para o preparo dos alimentos, os banho e a lavagem de roupas. “Disseram que até tentaram cavar um poço ao lado da represa para obterem uma água de melhor qualidade, mas não conseguiram. A sujeira e a cor da água mostravam de imediato a inadequação para o consumo”, aponta Newton Lanna, um dos dois auditores fiscais presentes na ação.
Trabalhador recolhe água de represa próxima a um dos alojamentos
O grupo trabalhava em dois ambientes diferentes, apesar de todos realizarem as mesmas tarefas. Uma equipe estava alojada perto da represa, sob a supervisão do “gato” (aliciador da mão de obra), enquanto outra tinha o alojamento fixado perto da sede da propriedade e fora contratada diretamente pelo fazendeiro. Este último contingente estava instalado em um galpão precário junto de máquinas, ferramentas, restos de lixo, combustível e agrotóxicos, e dormia em redes e camas improvisadas, em um ambiente com muita poeira e mau cheiro bastante forte.
Os funcionários que trabalhavam perto da represa ficavam em barracos cobertos por plástico preto, no meio do mato, sem contar com qualquer proteção contra animais peçonhentos, chuvas ou ventos fortes. Dormiam em redes ou tarimbas improvisadas. Os alimentos fornecidos pelo empregador eram conservados no mesmo recinto em sal ou gordura e preparados em um fogareiro improvisado nas imediações do alojamento.
Situação dos dois alojamentos entre os quais se dividia
o grupo de trabalhadores libertados
Não havia local adequado para que as refeições fossem feitas nem espaço para prepará-las, atividade que ficava a cargo das mulheres. O jovem com idade inferior a 18 anos trabalhava junto com os outros 41 empregados, assim como o “gato” que vivia em situações igualmente degradantes e também foi resgatado pela fiscalização.
Nenhum dos dois alojamentos dispunha de banheiros ou instalações sanitárias adequadas, o que obrigava o grupo como um todo a realizar as necessidades fisiológicas sem nenhuma privacidade ou higiene, no meio do matagal.
Segundo Newton, alguns trabalhadores vinham de Goiás, aliciados pelo próprio fazendeiro, mas a maioria era da própria região de Marianópolis (TO).
Empregador acompanhou fiscalização
Joari Bertoldi, dono do empreendimento, acompanhou toda a fiscalização. Diante do flagrante, o grupo móvel determinou que todo o trabalho na Fazenda Santa Maria fosse suspenso. “A única atividade era mesmo o preparo do solo feito pelos trabalhadores resgatados”, explica o auditor fiscal Newton. Ao todo, foram lavrados 12 autos de infração.
Os integrantes do MTE encaminharam um relatório sobre a situação na fazenda ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que poderá firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o empregador ou entrar com uma ação civil pública postulando indenizações por danos morais individuais e coletivos.
Ao fim da operação, no dia 22 de setembro, o grupo recebeu as guias de seguro desemprego e as carteiras de trabalho a que tinham direito. O fazendeiro arcou com um valor em torno de R$ 151 mil, referente à rescisão contratual dos 45 funcionários. Com a autuação, Joari Bertoldi poderá ser incluído na “lista suja” do trabalho escravo.
A reportagem tentou contato com Joari Bertoldi. Antonio Ademar dos Santos, contador da fazenda que também acompanhou a fiscalização do MTE, falou com Repórter Brasil em nome do proprietário.
Em nota, Antonio disse que as reformas para adequar a situação dos alojamentos e dos refeitórios dos trabalhadores já tinham começado quando os fiscais do grupo móvel chegaram ao terreno. O processo de registro dos trabalhadores, segundo ele também, já estava em curso. Veja aqui na íntegra o posicionamento do empregador a respeito do caso.
*Com a colaboração de Daniele Silveira.

Fiscalização associa Gregory à exploração de trabalho escravo

Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano liberta 23 trabalhadores de condições análogas à escravidão em quatro oficinas que produziam roupas da marca Gregory
Texto e fotos Bianca Pyl*
São Paulo (SP) - No mesmo dia em que a grife de roupas femininas Gregory lançava a sua coleção Outono-Inverno 2012 com pompa e circunstância, uma equipe de fiscalização trabalhista flagrava situação de cerceamento de liberdade, servidão por dívida, jornada exaustiva, ambiente degradante de trabalho e indícios de tráfico de pessoas em uma oficina que produzia peças para a marca, na Zona Norte da cidade da capital paulista.
Ao todo, foram constatadas graves violações de dignidade de trabalhadoras e trabalhadores e de desrespeito a direitos fundamentais em quatro oficinas diferentes visitadas pelo Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP). O conjunto de inspeções resultou na libertação de 23 pessoas, todas elas estrangeiras de nacionalidade boliviana, que estavam sendo submetidas à condições análogas à escravidão.
Jovem cuida do filho recém nascido enquanto trabalhaO carrinho fica ao lado da máquina de costura
"De todo o material a que a auditoria teve acesso, não resta dúvidas de que a empresa Gregory é a responsável pela produção encontrada nas oficinas de costura inspecionadas", concluiu a SRTE/SP, braço estadual do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo os representantes do órgão que atuaram no caso, a Gregory desenvolve a peça, escolhe e compra o tecido, corta e entrega os cortes prontos para os fornecedores. São dadas ainda instruções de como a peça final de roupa deve ser feita, sob pena de não pagamento, caso algo esteja diferente do exigido pela grife.

Ao todo foram lavrados 25 autos de infração contra a Gregory. Um dos autos refere-se à discriminação étnica de indígenas Quechua e Aymara. De acordo com análise feita pelos auditores fiscais do trabalho, restou claro que o tratamento dispensado aos indígenas era bem pior que ao dirigido aos não-indígenas que trabalham na sede da companhia, no bairro de Pinheiros. A Gregory recebeu os autos de infração na última terça-feira (15).
A empresa se recusou a assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), proposto pela procuradora do trabalho Andréa Tertuliano de Oliveira, que compôs a equipe de fiscalização em um dos flagrantes. A Gregory poderá ser incluída na chamada "lista suja" do trabalho escravo, cadastro mantido pelo governo federal que reúne empregadores flagrados utilizando trabalho escravo contemporâneo, Os responsáveis também poderão responder em âmbito criminal pelo crime previsto no art. 149 do Código Penal. 
Uma das peças encontradas pelo MTE (à esq.) nas oficinas fiscalizadas e peça piloto na sede da Gregory em Pinheiros
Primeira oficina
O primeiro ponto de produção de peças da marca foi averiguado em 28 de fevereiro, justamente no dia da apresentação pública e comercial da nova coleção da Gregory. No local, a comitiva de fiscalização - formada pela SRTE/SP, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pela Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania (SEJDC) do Estado de São Paulo, Defensoria Pública da União (DPU) e Centro de Apoio ao Migrante (Cami), e acompanhada pela Repórter Brasil - encontrou um cenário de condições desumanas.

Três constatações simbolizam a gravidade da situação: uma jovem trabalhadora mantinha o filho recém-nascido no colo amamentando, enquanto costurava um vestido de renda; armários estavam trancados com cadeado para que as pessoas não pudessem comer sem autorização; e os empregados confirmaram que precisavam da autorização do dono da oficina para deixar o imóvel  situado no Jardim Peri, que servia ao mesmo tempo de moradia precária e de unidade de produção têxtil improvisada. 
Jovem libertada trabalhou com jornadas exaustivas durante toda a gravidez 
O carrinho de bebê colocado ao lado da máquina de costura era uma forma de "facilitar" a continuidade do trabalho de uma mãe que não parava de trabalhar sequer para embalar ou amamentar a criança, assim como fizera durante toda a gravidez. Os abusos foram confirmados por Inês**, de 26 anos, uma das colegas da jovem mãe. Ambas foram libertadas com mais nove pessoas da oficina que, conforme a fiscalização, produzia roupas para a Gregory
Armários trancados para evitar que os
trabalhadores udessem se alimentar
Os armários da casa eram trancados com correntes e cadeados para que os trabalhadores e as crianças não comessem "fora de hora". Para sair da oficina, era preciso pedir autorização ao dono, que nem sempre permitia. "A gente tem que avisar bem antes. E se tiver muito trabalho ele não deixa não", relatou Inês à Repórter Brasil. Para a fiscalização está claro cerceamento de liberdade dessas pessoas.  

Marido de Inês, Pedro**, de 30 anos, contou que trabalhava das 7h às 23h, de segunda a sexta. A jornada era cumprida, segundo ele, "mesmo com os olhos fechando", o que demonstra a acumuluação do cansaço. Aos sábados, o turno seguia até às 13h.

O casal chegou a trabalhar por três meses, de forma intensiva e sem nenhuma remuneração, para quitar a dívida de suas passagens, sinal claro da conexão da escravidão com o tráfico de pessoas.
Há um ano na oficina, os dois moravam com mais duas filhas, que estudavam em períodos diferentes e, assim como as outras crianças, ficam brincando no local enquanto os pais e mães trabalham.
O casal recebia, em média, R$ 3 por peça costurada. O dono, porém, não garantia os salários conforme combinado. "Ele disse que ia pagar a cada dois meses, mas ele nunca acerta direito. Recebemos R$ 50 aos sábados", disse Pedro. O dinheiro era usado para a compra de comida. Nas noites de sábado e domingo, todos costureiros e costureiras precisavam preparar a própria comida para consumo durante a semana. Durante os domingos, o casal se dedicava a lavar roupas e limpar o quarto em que dormiam.

A jovem costureira chorou ao contar que pediu aumento de R$ 0,20 ao dono da oficina. O pedido foi recusado. A situação demonstra a dependência e a impossibilidade de abandonar o local, já que não tinham sequer recursos suficientes para isso. Eles não saíam da casa, pois não tinham dinheiro para a passagem do ônibus e "para comprar o que as crianças pedem".
Vestido Belart encontrado em uma das oficinas
Responsabilização
No momento da fiscalização, os trabalhadores estavam produzindo vestidos para a marca Belart, da intermediária da Gregory, WS Modas Ltda. Por conta disso, a intermediária também foi chamada a responder pelo caso.

Contudo, os auditores fiscais ratificaram a relação entre a oficina flagrada e a marca Gregory. "Nós ouvimos relatos de trabalhadores confirmando que costuravam para a Gregory, apreendemos cadernos com anotações de encomendas e as notas fiscais da intermediária WS, que confirmam que peças da Gregory foram produzidas por esses trabalhadores, nessas condições", explicou Luís Alexandre Faria, que coordena o Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano.

Os cadernos apreendidos apontam que exatos 4.634 vestidos da Gregory foram produzidos na oficina do Jardim Peri durante o período de agosto de 2011 até a data da fiscalização, em 28 de fevereiro de 2012.

Entre setembro de 2011 a fevereiro de 2012, o faturamento da WS consistia em 60% para a Gregory, sendo os restantes 40% correspondentes à comercialização de sua marca própria Belart. A oficina em questão costurava somente peças da Belart e da Gregory. "Nesta altura, já restava demonstrado pela auditoria que a Gregory vinha sendo abastecida por peças de vestuário confeccionadas naquela oficina de costura, por trabalhadores submetidos a condições degradantes", apontou a fiscalização, que interditou a oficina.

Ao ser informada da situação, representantes da WS providenciaram cestas básicas e prestaram assistências às famílias. A empresa ofereceu emprego para todos os trabalhadores resgatados na fiscalização, mas o grupo recusou a oferta. "Oferecemos o salário mínimo da categoria, compramos máquinas, reformamos parte do imóvel da empresa para acolher esses tralhadores, disponibilizamos uniformes, refeitório e equipamentos de proteção. Mas, para nossa surpresa, fato que imediatamente comunicamos ao Ministério do Trabalho, dois dias antes do início dos trabalhos, recebemos dois representantes desse grupo que disse que preferiam não ser empregados. A nós coube apenas aceitar a decisão", disse a empresa em nota, enviada por e-mail, à Repórter Brasil.

Após o flagrante, a WS iniciou um processo de auditoria interna, revisão de contratos e assinatura de compromisso com fornecedores para evitar que situações como essas se repitam. "Vamos visitar todas as oficinas e checar as efetivas condições de trabalho e coibir qualquer prática que possa atentar contra os direitos dos trabalhadores". O MTE lavrou, ao todo, dez autos de infração contra a dona da marca Belart.
Segunda oficinaOutros dois trabalhadores bolivianos foram libertados na segunda oficina inspecionada em 20 de março pela equipe interinstitucional, localizada na periferia de Itaquaquecetuba (SP), município da grande São Paulo. Os dois irmãos trabalhavam para outra intermediária da Gregory, a Patrícia Su Hyun Ha Confecções Ltda., que tem o nome fantasia "Yepe".  
Vestidos de renda da Gregory em meio ao ambiente precário onde trabalhavam dois irmãos
Características verificadas na primeira oficina - de violação de direitos básicos dos trabalhadores, em condições degradantes e jornadas exaustivas, e a ligação da produção com a Gregory - também foram encontradas na segunda oficina. Os irmãos recebiam os tecidos já cortados em lotes de cerca de 30 peças para serem produzidas em quatro ou cinco dias, conforme a dificuldade. Um deles tem experiência de 15 anos com costura. No momento da fiscalização, os dois costuravam vestidos de renda da marca Gregory.

O local onde funcionava a oficina era sujo e totalmente precário. As instalações elétricas eram improvisadas e estavam expostas. As máquinas de costura não tinham as correias protegidas. As cadeiras também eram improvisadas. Apesar da despreparação completa, a Prefeitura de Itaquaquecetuba (SP) concedera liminar de funcionamento para a oficina.

Terceira oficinaMais duas pessoas (outro casal de bolivianos) foram libertadas na terceira oficina visitada na Zona Leste de São Paulo (SP), também mantida pela intermediária Patrícia Su Hyun Ha Confecções Ltda. 
Oficina na Zona Leste onde calças da Gregory eram costuradas por um casal de bolivianos
Há dez anos no Brasil, Joana** trabalhava com o marido para criar os seis filhos - o mais novo, de quatro anos, tem síndrome de down. Com uma jornada das 7h às 22h, ela diz que sua distração é "vender bolo na feira da Coimbra". "Fora isso, não temos nada. Só trabalho", contou. O dinheiro da costura pagava o aluguel de R$ 300; enquanto a verba da venda de bolos ia para a alimentação. Joana e o marido já passaram fome com os filhos no Brasil. "A gente só tinha mingau para comer, no almoço e na janta", contou.
Apesar do ambiente precário, a peça segue impecável para as lojas da grife brasileira
A oficina também não seguia nenhuma norma de saúde e segurança do trabalho e funcionava em um cômodo improvisado. A reportagem mostrou o último catálogo da Gregory para o marido de Joana, que possui mais de 20 anos de experiência em costura. O trabalhador regstadao reconheceu algumas peças. "Essa eu já fiz. Eu fiz um blazer neste tecido, nesta cor também", declarou, mostrando as peças fotografadas pela marca.

Quarta oficinaO último local inspecionado foi na Vila Dionísia, na Zona Norte da capital paulista. O grupo de libertados, que era formado por oito bolivianos, trabalhava das 7h30 às 22h, conforme anotado em um dos cadernos apreendidos.
Alojamento dos trabalhadores era feito com tapumes. Alguns dormiam no colchão colocado no corredor
Outras anotações revelaram que as encomendas feitas pela Gregory desde 2009. O responsável pela oficina afirmou, porém, que vinha trabalhando com exclusividade para a Gregory desde julho de 2011. "Eu trabalhava para duas empresas, mas um deles deixou de me passar encomenda porque achou ruim eu costurar para mais de um, pois as entregas atrasavam um pouco", disse Paulo*, que passou a costurar exclusivamente peças da grife.
Caderno com anotações de encomendas Gregory datam de 20 de agosto de 2009
Os trabalhadores recebiam, em média, R$ 3 por peça. O lote de vestido de renda - o mesmo encontrado em Itaquaquecetuba (SP) - que estavam na oficina também foi apreendido. A fiscalização localizou, na sede da Gregory no bairro de Pinheiros, o pedido de encomenda do vestido no valor de R$ 73 (pagos à intermediária) e indicava preço de R$ 318 para venda.
Vítimas trabalhavam mais de 10h por dia
Paulo vive no Brasil há sete anos, com toda família. "Eu vim depois de meus dois irmãos". Em La Paz, ele era motorista de empilhadeira, cargo que chegou a ocupar aqui no Brasil por dois anos. Após o falecimento de uma irmã, que tinha uma oficina de costura, assumiu o local. "Nunca me imaginei na costura", disse.

Dependência econômicaAs investigações preliminares realizadas pelo Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano apontavam que a intermediária Patrícia Su Hyun Ha não tinha capacidade produtiva para produzir peças encomendadas pela Gregory. A intermediária mantinha apenas dois costureiros contratados, cuja função era a montagem das peças-piloto da Gregory que seriam reproduzidas pelas oficinas.

Os auditores fiscais também constataram a dependência econômica da intermediária Patrícia Su Hyun Ha para com a Gregory por meio do movimento fiscal da empresa: mais de 80% do faturamento provinha da Gregory, no período entre janeiro e março de 2012.

Após a fiscalização, os trabalhadores receberam as verbas rescisórias, no valor de R$ 55 mil, e as guias para sacar o Seguro Desemprego do Trabalhador Resgatado. Eles tiveram as Carteiras de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) provisórias emitidas pelo MTE e aqueles que não possuem Registro Nacional do Estrangeiro (RNE) receberam auxílio da DPU para documentação.
Màquinas lacradas pela fiscalização após flgrante de trabalho escravo. Lote de vestidos também foi apreendido
A investigação da cadeia produtiva da Gregory se iniciou em maio do ano passado, quando a Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) de Campinas (SP) e a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região (PRT-15), encontraram fichas técnicas de pedidos da Gregory na oficina onde 52 pessoas foram libertadas de trabalho análogo ao de escravo, parte do grupo costurava calças jeans para a grife espanhola Zara.

Além disso, a Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região (PRT-2) recebeu uma denúncia de um boliviano relatando que estaria costurando para a Gregory em condições degradantes e cumprindo jornada exaustiva.
Andrea Duca, diretora de marketing da Gregory, afirma que a empresa só tem a agradecer a fiscalização do MTE e seus respectivos auditores fiscais por "ter alertado a empresa sobre as irregularidades". Segundo ela, os problemas "aconteciam sem nosso conhecimento". "O fornecedor envolvido nesse assunto já está regularizado", sustentou em mensagem enviada à Repórter Brasil por e-mail. 
Apesar da fiscalização não ter dúvida quanto à responsabilidade da empresa em relação à situação de degradação encontrada, a diretora Andrea argumenta que a grife Gregory não usou trabalho escravo "porque não produz nenhuma peça". "Após orientação da equipe de estilo Gregory, todas as peças são compradas prontas de nossos fornecedores", alega.
Confira abaixo imagens das fiscalizações:











*A jornalista acompanhou todas as fiscalizações realizadas por conta do compromisso assumido no Pacto a Precarização e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções.
**Os nomes são fictícios para proteger as vítimas.