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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


Acidentes de trabalho – Trabalhadores continuam morrendo

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Na semana passada o assunto “Acidentes de Trabalho” foi debatido em Mesa Redonda realizada no 30º Encontro Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho – Enafit. O consenso formado entre os debatedores foi de que é preciso que órgãos públicos trabalhem juntos para diminuir o número de acidentes e instalar uma cultura de prevenção ao invés de agir apenas depois que os acidentes já aconteceram. A subnotificação de acidentes, a falta de estrutura da Inspeção do Trabalho e a necessidade de responsabilização de empregadores negligentes com a segurança foram também ressaltados. 
As medidas são urgentes, pois os acidentes continuam acontecendo em todo o país. Abaixo, notícias de acidentes em Brasília, Campo Grande (MS( e Natal (RN) exemplificam situações que se repetem e se multiplicam pelo Brasil afora.
 
O Sinait se preocupa com este cenário de guerra, em que morrem cerca de três mil trabalhadores por ano, segundo estatísticas oficiais. Por isso insiste: o número de Auditores-Fiscais do Trabalho precisa aumentar, uma programação de concursos públicos para os próximos anos precisa ser feita e executada, e a integração de órgãos públicos deve ser meta do governo federal.
 
Leia notícias sobre acidentes de trabalho:
 
27-11-2012 – G1 DF
Operário morre no DF após cair de 9º andar de prédio
Acidente foi no Setor de Oficinas Sul, perto do CasaPark.
Samu tentou estabilizar vítima várias vezes, mas homem não resistiu.
 
Um operário morreu na manhã desta terça-feira (27) depois de cair do 9º andar de uma obra no Setor de Oficinas Sul, perto do CasaPark, Distrito Federal, segundo o Samu. O serviço informou que socorristas tentaram estabilizar a vítima várias vezes, mas o homem, de 33 anos, não resistiu.
 
O serviço de psicologia do Samu foi acionado para atender os colegas de trabalho que presenciaram o acidente. A 8ª delegacia de polícia é a responsável por investigar o caso. O G1 tentou contato com o delegado, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. 
 
24-11-2012 – Campo Grande News
Trabalhador morre em explosão de tanque de combustíveis em MS
 
Campo Grande/MS- O trabalhador José Oliveira da Silva, 60 anos, morreu em explosão de tanque de combustíveis no início da tarde deste sábado, em Campo Grande. O corpo dele ficou desfigurado e foi parar a 15 metros do local.

José Oliveira trabalhava há pelo menos três anos como soldador da Abatec Soluções Ambientais e morreu quando abria um tanque de 15 mil litros que seria recolhido. O acidente aconteceu no pátio do posto Platinão, na BR-163, saída para São Paulo.

A Abatec recolhe tanques não mais utilizados, faz a desgasificação, corta, limpa e derrete. O material então é vendido.
Para o recolhimento é preciso verificar se há gás no recipiente. Essa verificação é feita com o equipamento chamado explosimetro.

O explosimetro é uma mangueira pequena que é colocada no tanque por pequenos espaços. Se houver gás, o equipamento acusa e depois retira. Enquanto o gás não for totalmente retirado, a tampa - que fica nos fundos - não pode ser aberta. Caso isso aconteça, há risco de explosão.

Quando não há mais gás no tanque, a tampa é aberta com maçarico e o recipiente levado. É preciso deixar aberto para não acumular mais gás.

A suspeita é que José Oliveira foi abrir o tanque sem verificar se havia gás no local. Quando ele ligou o maçarico, houve a explosão. Outros dois tanques tinham passado por avaliação e este último ainda não havia sido verificado.

A explosão foi tão forte que o trabalhador passou por trás do caminhão da empresa - que estava atrás do tanque - e foi parar debaixo de outro que transporta oxigênio e acetileno, a 15 metros do tanque que abria.

A morte foi instantânea. Vísceras do corpo ficaram espalhadas, assim como membros. O coração parou a cerca de 20 metros do local da explosão e o maçarico, a 10.

A bota que o trabalhador calçava e a roupa que vestia ficaram destruídas. Vidros de salas do posto de combustíveis e o para-brisa do caminhão ao lado quebraram e quem estava próximo sentiu a explosão.

José Hélio Tavares, 37 anos, estava dentro do caminhão dele, a 300 metros do acidente. "Vi a poeira levantando e depois os pedaços dele [da vítima]".

Cássio José Correa, 42 anos, estava ainda mais próximo e disse que também foi arremessado com a explosão, mas, não ficou ferido.

A reportagem do Campo Grande News apurou que todos os funcionários da empresa recebem treinamento e sabem do risco da atividade. A Abatec recolhe tanques em diversos locais.
 
 
22-11-2012 – Tribuna do Norte (RN)
Operário toma choque durante pintura de prédio em Natal/RN
 
Natal/RN- O pintor Helder Silva, de 28 anos, tomou um choque após se enganar e pegar em um fio em vez de uma corda entre o segundo e o primeiro andar da lateral do prédio do Juízado Especial Cível e Criminal, que fica na avenida Duque de Caxias, bairro da Ribeira, zona Leste de Natal.

O acidente ocorreu no meio da tarde desta quinta-feira (22) e foi necessário a presença de quatro homens do corpo de bombeiros para a retirada do corpo do pintor, que respirava com intensidade. De acordo com o irmão da vítima, o operário estava de cinto em cima de um andaime, mas quando pegou no fio, caiu desacordado. "Tomei um susto quando ele caiu de uma tábua para outra e ouvi o barulho da lata de tinta cair no chão", disse.

Segundo o enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Cláudio Freire, após a retirada do local, o pintor apresentava-se consciente, porém se salvou por pouco. "A sorte é que com o susto ele soltou o fio rapidamente, se demorasse um pouco mais a morte seria instantânea. Além disso, graças a corda que estava ele não foi parar no chão, o que seria uma queda de uma altura bem maior", explicou. A lateral do prédio em questão apresentava alguns fios soltos perto de janelas.

O operário apresentava ainda uma queimadura na mão e foi levado ao Hospital Walfredo Gurgel para saber se teve alguma fratura no corpo com o impacto da queda.

Juizado aguarda laudoO 3º secretário coordenador do Juízado Especial Cível e Criminal, Agenor Fernandes, disse que vai aguardar o laudo da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) sobre o caso para o órgão se posicionar, já que existe várias possibilidades para a causa do acidente. "Vamos esperar o laudo para apontar a responsabilidade do ocorrido. É muito prematuro ainda sabermos o que aconteceu e se realmente o trabalhador estava com os equipamentos recomendados pela empresa terceirizada", questionou.

Sobre a lateral do prédio em questão apresentar alguns fios soltos perto de janelas, o que pode ser um dos motivos, o secretário disse não saber sem o laudo se esse seria o motivo real do acidente.

Já o responsável pela fiscalização das condições de trabalho e perícia da DRT, que não quis se identificar, estava verificando as condições dos equipamentos dos trabalhadores e do local em que estavam realizando o serviço, motivo que se limitou a dizer que o resultado da perícia sairá em 30 dias.