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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


Amazonas tem mais de 57 mil crianças exploradas em trabalho infantil

Embora admita o abandono da escola por parte de algumas crianças, Secretaria de Assistência Social afirma que a maioria dos adolescentes concilia estudo e trabalho


Juçara Menezes - jornalismo@portalamazonia.com
Trabalho infantil nas ruas de Manaus. Foto: Reproducao/TV Amazonas
Trabalho infantil nas ruas de Manaus. Foto: Reproducao/TV Amazonas
MANAUS – Na data em que se comemora o Dia do combate ao trabalho infantil, o Amazonas apresenta um número alarmante. O Estado tem 57.437 crianças economicamente ativas (trabalhando ou em busca de emprego). Os dados, anunciados nesta terça-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também mostram que a procura por trabalho cresce à medida em que a idade das crianças aumenta.
No Estado, crianças de 10 e 11 anos empregadas ou em busca de trabalho somam 14.340. Com 12, o número sobe para 8.240; aos 13, chega a 8.773; aos 14 anos, a marca ultrapassa os 10 mil: já são 11.903. Com 15 anos – a idade média de início do Ensino Médio – os adolescentes com renda chegam a 14.181.
De acordo com o supervisor de disseminação de informações do IBGE no Amazonas, Adjalma Nogueira, há várias explicações para o fato. “Os motivos vão desde a oportunidade, vontade própria ou imposição dos pais”, disse.
Conforme Nogueira, quem não se ocupa aos 10 anos, certamente consegue trabalho aos 11. “É natural, com a elevação da idade, buscar o mercado. Às vezes, o próprio jovem quer ter sua renda. Em outras, é o emprego que os procura. Quando aparece uma oportunidade, eles aproveitam. E há também aqueles cuja necessidade de emprego é para ajudar no sustento da família. São os próprios pais que incentivam”, explicou o supervisor.
O IBGE ainda não divulgou dados relacionados às atividades desenvolvidas pela crianças e adolescentes. Mas, Nogueira afirmou que, em breve, as informações sobre as ‘profissões’ estarão disponíveis. Na avaliação do supervisor, a zona rural apresenta o maior número de jovens em atividade. Com a jornada de trabalho, há um agravante: “Como em muitos casos as escolas são distantes de casa, os adolescentes abandonam os estudos. A consequência virá a longo prazo. Pois, quanto menor o nível de escolaridade, menor o salário do empregado”, alertou Nogueira.
Embora admita o abandono da escola por parte de algumas crianças, a Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) afirmou que a maioria dos adolescentes concilia estudo e trabalho. “Os jovens estudam no turno matutino e trabalham a tarde ou a noite. Há casos, porém, de evasão escolar devido ao ‘emprego’”, disse a assessoria.
Trabalho infantil em Manaus vista em semáforos
Criança vende bombom nas ruas de Manaus. Foto: Divulgação
Criança vende bombom nas ruas de Manaus. Foto: Divulgação
De acordo com a assistente social, Silvia Severiano da Silva, em dez anos, a taxa de ocupação de crianças e adolescentes no Amazonas, com idade entre 10 a 14 anos saltou de 6,77 para 9,40, uma variação negativa de 2,63 pontos. “Em 2000, a população de 10 a 14 anos era de 338.510, sendo desse total, 22.916 em trabalho precoce. Em 2010, das 400.422 crianças e adolescentes, 37.655 exerciam atividades laboral fora da idade mínima”, detalhou a agente da Seas.
Enquanto no Amazonas há 57.437 crianças economicamente ativas, em Manaus existem 15.538 adolescentes empregados ou a procura de trabalho, conforme os números do Censo 2010.
O número dos pequenos de 10 e 11 anos chega a 3.180 na capital, quantidade maior que os de 12 anos (2.039 trabalhando).  Com 13 anos, o número cai para 1.976. Aos 14 anos, o número é quase 100% maior: 3.630. A quantidade de adolescentes de 15 anos no mercado de trabalho chega a 4.753.
Segundo a Seas, os pais influenciam as crianças a venderem próximo aos semáforos, bares e até em frente a boates. As crianças costumam vender jornais, balas, salgados, doces e ovos de codorna cozidos. Pequenos serviços, como engraxate, também estão no ‘currículo’ dos jovens.
Uma maneira encontrada pela secretaria para reduzir estes trabalhos ilegais é o apoio financeiro, por meio do Programa Bolsa-família. Para receber o benefício, a criança ou adolescente deve estar devidamente matriculada na escola e frequentar as aulas. “Além disso, a Seas realiza palestras em escolas, reuniões com pais e campanhas permanentes de combate ao trabalho infantil”, concluiu a assessoria.