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domingo, 26 de maio de 2013

Ponto dos Concursos entrevista Livio Gomes Primeiro Colocado no Concurso AFT


O Ponto entrevista Lívio, 1º colocado no concurso de Auditor-Fiscal
do Trabalho (AFT)!
Quando eu, Carolina Teixeira, conversei com o Lívio pela primeira vez,
pensei que seria ótimo se eu tivesse metade do empenho e do “gás” desse
rapaz!
Histórias sobre concurseiros que se acomodaram em um cargo que não é o
cargo dos sonhos são muito comuns. Difícil é ouvir histórias de vida como
as do Lívio que, apesar de ser já Analista da Receita (ATRFB), saía do
trabalho e estudava, todos os dias, para alcançar um cargo ainda melhor.
Nos finais de semana, quando as pessoas costumam descansar da semana
de intenso trabalho, o Lívio – adivinhe – estudava mais ainda e até passou
as festas de fim de ano em casa, sozinho, estudando.
O importante é que todo esse esforço foi recompensando, o Lívio foi o 1º
lugar no concorridíssimo concurso de AFT, escolheu a dedo a sua lotação e,
agora, vai ficar bem perto da esposa e da família – que também estão
radiantes de felicidade com a conquista dele!
O Lívio, enquanto aguarda o curso de formação, concordou em me conceder
esta entrevista, em que conta um pouco da sua trajetória.
1) Carol: Lívio, essa dúvida as pessoas sempre têm em relação a
vocês, os primeiros colocados. Você estudava para passar em
primeiríssimo lugar ou estudava para passar entre as vagas,
independentemente da colocação?
De forma alguma. Em nenhum momento estudei com a intenção de ser
aprovado em primeiro lugar. Claro que, por se tratar de um concurso em
nível nacional, eu pensava numa colocação que me permitisse escolher uma
localidade de trabalho mais próxima de meu estado e, consequentemente,
de minha família.
2) Carol: Conversando com você, fiquei impressionada com a sua
determinação. De onde você tirava forças para estudar durante
tanto tempo, sem desanimar?Essa pergunta é interessante, pois, em alguns momentos, desanimava sim.
Acho que a maioria dos concurseiros tem, por vezes, sensações de
desânimo, de falta de confiança, principalmente aqueles que começam a
preparação com bastante antecedência – que foi também o meu caso. Mas
Deus me deu muita força e, sempre que desanimava, me agarrava a Ele e à
minha família, principalmente à minha esposa Celi. Enfim, não tem nada de
anormal ter esses sentimentos, simplesmente fazem parte da luta e,
quando surgem, temos que atropelá-los.
3) Carol: Não preciso nem perguntar se você é do tipo que se isola
do mundo para estudar; já percebi que é! Como funcionava isso?
Na realidade, o momento de vida pelo qual eu passava favorecia esse
isolamento. Eu morava no Rio Grande do Sul, longe da família e com a
maioria dos meus amigos estudando para AFRFB e ICMS. O que eu fiz foi
tentar transformar aqueles momentos num “isolamento produtivo”, rsrs.
Mas cada tem suas necessidades. Tenho amigos que passaram em
concursos, inclusive AFRFB, e mantiveram alguma vida social. Eu prefiro
restringi-la ao máximo. Recentemente, após o edital, deixei de passar natal
e ano novo com a família para continuar estudando.
4) Carol: Lívio, você me contou que trabalhava como ATRFB durante
sua preparação. Como era a sua jornada diária de estudo?
É verdade, trabalhava 8 horas por dia. A jornada não era fácil, trabalhava
das 8 às 17 horas e começa meus estudos às 18 horas, religiosamente. Daí
em diante, ia até onde o cansaço permitisse: 23:00, 00:00 ou 01:00,
sempre tentando cumprir o meu planejamento. Utilizava, também, 1 hora
de almoço para estudar.
5) Carol: São muito comuns casos em que pessoas se acomodam no
serviço público, ainda que não estejam no cargo dos sonhos. Depois
de quanto tempo como ATRFB você decidiu que era hora de seguir
em frente?
Bom, logo que passei para ATRFB dei uma parada nos estudos, até porque
eram muitas informações a serem apreendidas no novo trabalho, o que,
realmente, demandou algum tempo.
Mas, logo em seguida, voltei aos estudos, mais ou menos 1 ano depois de
ser aprovado na RFB. No início, até por influência dos colegas, foquei em
AFRFB. Porém, com o passar do tempo, fui conhecendo melhor a instituição
RFB e cheguei à conclusão de que não era aquilo que queria fazer o resto da vida, rsrs. Queria algo com o que pudesse me realizar profissionalmente e,
nesse aspecto, a RFB não era, definitivamente, aquilo que procurava.
Resumindo, comecei a estudar para MPT (sonho), porém, tive que
interromper os estudos, pois não tinha os 3 anos de experiência jurídica.
Então, como gosto muito de Direito do Trabalho, procurei algo mais
próximo ao MPT. Foi quando decidi pelo AFT e foquei.
6) Carol: Você acha importante conhecer o “estilo” da banca
examinadora? Você fez muitas provas anteriores ESAF?
Sem dúvida. Se o candidato já sabe qual será a banca examinadora do
certame, ele deve dissecá-la. Conhecendo o estilo e fazendo muitas
questões, dificilmente haverá surpresas na hora da prova. Eu mesmo fiz
MUITAS questões de provas anteriores. Mas também acho interessante que
o candidato faça questões de outras bancas, pois isso enriquecerá a sua
preparação.
7) Carol: Como você dividia o seu estudo entre teoria e exercícios?
Primeiro estudava toda a teoria e só depois fazia exercícios, ou
intercalava teoria-exercícios?
Método de estudo é uma coisa muito particular. Cada um tem que adaptar
seus estudos as suas dificuldades cotidianas como trabalho, família e etc.
Eu, particularmente, prefiro intercalar teoria e exercícios, não gosto muito
dessa história de esgotar conteúdo e só depois castigar nas questões.
Eu costumava estudar dividindo meu tempo em 3 períodos de 2 horas cada
(18:00 às 20:00; 20:00 às 22:00 e 22:00 às 00:00, quando agüentava,
rsrs). Em cada período desses, eu estudava 1 matéria, ou seja, via 3
matérias por noite. Nos fins de semana, também dividia em módulos de 2
horas por matéria, começando às 09:00 e indo até as 19:00 horas.
Quanto às questões, procurava resolvê-las à medida que ia terminando os
capítulos e quando estava muito cansado para teoria. Por exemplo, quando
eu acabava o capítulo dentro do período de 2 horas, iniciava questões
relativas ao tema.
8) Carol: Como você fez para se preparar para as provas
discursivas? Você chegou a ter medo de enfrentá-las?
Olha, quando saiu o edital da RFB eu já imaginava que o nosso viria nos
mesmos moldes. Sabia que as discursivas tinham vindo pra ficar.
Inicialmente, tentei manter o foco nas objetivas, pois não adiantaria me
preocupar com as discursivas sem, antes, ser aprovado nas objetivas.
Passada a primeira fase, começaram as preocupações com as dissertações. Até então, só tinha feito provas discursivas para a OAB - que são com
consulta.
Acho que tudo que não conhecemos e/ou dominamos nos dá sim um pouco
de medo. Porém, o medo maior não é das provas em si e sim da
subjetividade que acompanha a correção. Isso ficou comprovado nas
correções.
9) Carol: Nas provas discursivas, você focou no estudo do conteúdo
das matérias ou na forma das discursivas (técnicas de escrita, etc)?
Com certeza, eu dei mais atenção ao conteúdo que à forma. Primeiro,
porque eu nunca tive muitas dificuldades para escrever; segundo, porque o
conteúdo tinha um valor maior que a forma. Não estou dizendo que não
estudei a técnica, porém dei maior atenção ao conteúdo.
10) Carol: Você descansou algum período entre a realização das
provas da primeira fase e os estudos para a segunda fase?
Como fiz a prova em Maceió (minha cidade), aproveitei uma semaninha,
sim, para rever a família e os amigos. Afinal, ninguém é de ferro né, rsrs?
11) Carol: Que aspecto você considerou fundamental para sua
aprovação?
Acredito que DISCIPLINA é fundamental para quem quer ser aprovado num
concurso público, hoje em dia. Quem me conhece sabe o quanto procurava
ser disciplinado. Por vezes, as pessoas nos acharão caxias e antissocial,
mas só nós que estudamos sabemos quanto custa uma aprovação.
12) Carol: Se, em vez de assumir o cargo como AFT, você recebesse
hoje a incumbência de orientar os estudos de um candidato que
está iniciando os seus estudos, quais seriam as suas orientações?
Em primeiro lugar, ao contrário do que muitas pessoas acham, não existe
uma “receita pronta” para se estudar pra concurso. Cada um deve orientar
seus estudos buscando adequá-los a sua realidade. Poucos têm o privilégio
de poder se dedicar exclusivamente aos estudos, a maioria tem que
conciliar trabalho, família e tantas outras obrigações. Mas, para esses
últimos, a vitória será ainda maior.
Quando comecei a estudar para concurso, era muito ansioso, queria ver
resultados rapidamente. Aos poucos, fui percebendo que necessitava de um
período de maturação para que pudesse concorrer com os que já estavam
na luta. É importante que o candidato que inicia seus estudos tenha em
mente que os resultados virão naturalmente, quando já tiver acumulado
conhecimento suficiente. Alguns podem perguntar: Ah, mas em quanto tempo isso acontece? Olha, se eu conseguisse responder a essa pergunta,
certamente ganharia muito dinheiro, rsrsrs. Tudo vai depender do tempo de
que cada um dispõe, bem como de sua dedicação.
Outros podem estar dizendo: pra você é fácil, foi 1º lugar, deve ser um
geniozinho. Para esses, eu respondo que sempre fui um aluno mediano,
nunca fui o “melhor” (ninguém é melhor ou pior que o outro) em nada.
Tenho um Q.I normal, certamente menor do que o de muitos que estão
lendo esse depoimento. Essa minha vitória é fruto de muita dedicação,
disciplina, esforço e transpiração. O que quero dizer é que qualquer um
pode ser o 1º lugar, basta que se esforce.
As pessoas costumam perguntar se eu estudava apenas para esse
concurso. Eu sempre digo que sou adepto do FOCO, mas sei que é fácil falar
quando já se está empregado, rsrs. Nesse ponto, sigo uma dicotomia: 1.
Aos que estão em busca de se primeiro concurso, às vezes desempregados,
é natural que procurem diversificar - estudar, por exemplo, para a ÁREA
FISCAL (ICMS, ISS, RFB, etc.), o que é plausível, já que a maioria da
matéria é correlata; 2. Aos que já são servidores, mas querem mudar de
cargo, aconselho a escolher o cargo sonhado e FOCAR. Sem dúvida, seu
desempenho nesse concurso específico será multiplicado.
Outra coisa muito importante: NÃO se importe com o que os outros estão
falando – a menos que queiram lhe ajudar. Também NUNCA deixem que
digam que você não pode ou que não irá conseguir. Se tiver um sonho,
corra atrás dele.
Acho que escrevi demais, vai ficar chato, rsrs. Mas, para concluir, gostaria
de dizer a quem está começando os estudos que procurem utilizar materiais
adequados ao seu nível atual e com a linguagem que você mais goste. Não
é porque meu colega estuda pelo autor A que também devo fazê-lo.
Não adianta, por exemplo, querer começar os estudos de D. Trabalho pelo
excelente livro do Professor Maurício Godinho Delgado. Certamente haverá
uma rejeição incrível à matéria (deixe-o para as discursivas, rsrs). Evitem
as famigeradas apostilas, procurem autores consagrados no mercado. Caso
possam, procurem bons cursos preparatórios, não que sejam
indispensáveis, mas, com certeza, ajudarão - e muito - na preparação.
Carol: Lívio, obrigada pela entrevista e desejo a você tudo de bom
na sua nova vida profissional!