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quinta-feira, 22 de novembro de 2012


30º Enafit - Uma reflexão sobre a proteção ao trabalhador

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O escritor e teólogo Frei Betto, coloca a educação como questão crucial para a promoção do trabalho decente 
Quase nove anos se passaram sem que os culpados tenham sido punidos no episódio cruel que ficou conhecido como Chacina de Unaí, quando três Auditores-Fiscais do Trabalho e um motorista foram assassinados no exercício da atividade. Foi lembrando a Missa de Sétimo Dia que celebrou em fevereiro de 2004, em Brasília, que Frei Betto dedicou sua palestra, realizada na tarde de quarta-feira, 21 de novembro, a Eratóstenes, Nelson, João Batista e Ailton. Para ele, falar da proteção ao trabalhador é falar dos impasses do Brasil para o exercício profissional minimamente digno.
 
Ao discorrer sobre o tema “Um novo sentido em busca da proteção ao trabalhador”, o intelectual provocou a reflexão mostrando, em números, a face de um Brasil que resiste ao tempo e não cuida de seu povo pela via mais eficaz: a da educação. Segundo ele, o país registra o triste número de quatro milhões de adolescentes menores de 14 anos fora da escola, e em sua opinião, estes adolescentes tendem a aceitar trabalhos indignos no futuro, sendo que muitos deles já o fazem.
 
O país convive com uma enorme desigualdade social, que impede que os trabalhadores tenham garantidos os seus direitos básicos, inclusive a um trabalho decente. Do total de 27 milhões de jovens com idade entre 18 e 25 anos, mais de cinco milhões não estudam e também não estão inseridos no mercado de trabalho e formam uma legião de jovens que são assassinados ou acabam se tornando assassinos. 
 
Para Frei Betto, as novas tecnologias invadiram o espaço domiciliar dos trabalhadores e cada vez mais eles levam trabalho para casa, vivem escravos de e-mails corporativos e acabam trabalhando de graça em casa, sem receber hora extra, sacrificando inclusive, suas vidas pessoais. A sociedade de consumo, criada a partir de uma mudança de época, que tem como paradigma o mercado, transforma o ser humano em objeto e o objeto em um ser mais poderoso.
 
“O que as pessoas possuem imprime mais ou menos valor à sua vida. Se ela chega de carro a determinado local, tem mais valor do que aquela que chega de ônibus, assim como quem usa roupa de grife tem mais valor perante a sociedade do que quem não usa”, observou.
 
Sobre as mudanças nas condições de trabalho para efetivar de verdade a proteção ao trabalhador, Frei Betto defendeu a mobilização das centrais sindicais, que em sua opinião, apesar de esforços e garantias conquistadas, tornaram-se representantes dos governos junto às categorias e não o contrário. “Os sindicatos ficam inibidos diante do patronato, que raramente se manifesta diante de questões como trabalho escravo e trabalho infantil. Os sindicatos foram domesticados e não representam mais um projeto de criação de uma sociedade alternativa”, disse