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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Estudando e entendendo o trabalho sob a perspectiva da Sociologia do Trabalho


A publicação de suas pesquisas em um livro chamado A loucura do trabalho, em 1987, causou forte impacto nas linhas de investigação sobre doenças relacionadas ao trabalho. Vários estudos anteriores sobre a saúde mental das telefonistas, fadiga mental e esgotamento, stress e alcoolismo já relacionavam distúrbios mentais ao trabalho.
As investigações de Dejours, nos anos 70, sobre os operários da indústria e da construção civil mostraram, contudo, que não se podia atribuir doenças mentais específicas a estes tipos de trabalho. Ele verificou, no entanto, que os trabalhadores apresentavam sofrimento mental e certos mecanismos em seu comportamento, na tentativa de esconder este sofrimento para se adaptarem e conseguir permanecer no trabalho.
Indo contra os modelos de stress e de doenças mentais associadas ao trabalho, ele ouviu os trabalhadores e considerou suas experiências e vivências como operários. Daí, descobriu que o psiquismo humano sofre, assim como o corpo, diante das exigências que se impõem ao trabalhador: as pressões para executar as atividades, para aumentar a produtividade, as longas jornadas, o medo do desemprego, o medo dos riscos da atividade, de causar danos aos materiais e colegas, de não conseguir dar conta do trabalho.
Mas, este sofrimento é oculto e envergonhado de se mostrar. Este ocultamento se faz de diversos modos, ora por brincadeiras, ora pela competição, ora por condutas perigosas e arriscadas. Por exemplo, os operários da construção civil são geralmente valentes, machões, desprezam os colegas medrosos, preferem não se cuidar ou proteger no trabalho. Esses comportamentos e atitudes revelam o que está oculto. Eles se defendem do medo constantemente presente nas atividades da construção civil: o risco de quedas mortais, de choques, de causar a morte de um colega. Sem estas defesas diante do perigo real, os trabalhadores não conseguem realizar suas atividades.
Este esforço para se adaptar gera o sofrimento, podendo gerar doenças psicossomáticas, neuroses profissionais (porém não doenças mentais). Impedidos de usar sua inteligência e capacidade intelectual,
afetividade e vontade, pela rigidez com que o trabalhador é considerado na organização do trabalho, o esforço para bloquear a energia psíquica para se adaptar e produzir, faz surgir o sofrimento. Além disso, as investigações revelaram um fato surpreendente: que os trabalhadores mais esforçados são aqueles portadores de maior sofrimento. As empresas exploram o sofrimento: “é o sofrimento que produz o trabalho”.

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